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💫 Pontes Imortais ― Capítulo 21

Em casa

Cheguei, Vórtex! E cheguei com capítulo de daaaaaate muito esperado! Pelo amor dos imortais, a gente tá vendo esses dois enrolarem o romancinho deles há meses. Chegou nossa hora!

No capítulo anterior… Kuí espalhou uma trilha de animais mortos pelo bosque ao redor da casa onde Yan visitava a família. Na cabeça do Instrutor, esse é o tipo de presente afetuoso que se dá para um curandeiro especial. Mas Yan notou que a oferenda não vinha de graça. Será que ele chega de volta no Hall a tempo de impedir o que quer que seja que está acontecendo por lá? Enquanto pensamos sobre isso, vamos voltar para São Paulo. Yue e Tomás tinham se ajeitado e combinado um encontro para o dia do Indiepira, o festival de rock junino. Chegou o dia. 

A música para este capítulo é Overdrive, do Conan Gray! 

Capítulo 21 — Em casa

São Paulo, 2023

— Eu ainda não te desculpei por ter beijado o Lótus antes de mim. 

A voz de Tomás estava bem-humorada. Descendo a rua ao lado de Yue, ele tomava o restinho do seu sorvete de pistache com creme de avelã, cortesia da sua sorveteria favorita, perto da entrada do Parque Augusta, que ainda mantinha as lixeiras clássicas em forma de palhaço.

— Você escapou na noite do show — Yue respondeu, coçando a pontinha do nariz avermelhado antes de voltar a enterrar a mão no bolso. Tinha na mão uma latinha de coca-cola já pela metade. 

— Eu escapei? — Tomás repetiu, indignado, cutucando o sorvete com a colherzinha para misturar um pouco dos dois sabores, parando só por um instante para oferecê-la a Yue.

Ele aceitou, só para fazer uma caretinha logo depois. 

— Não tá frio demais pra sorvete? — perguntou, apontando a jaquetinha que Tomás vestia, combinando com um cachecol de tricô.

— Olha quem fala — Tomás rebateu, apontando a regata de Yue, coberta apenas por um fino cardigã de algodão bonito, com as mangas repuxadas até os cotovelos. 

— Não sinto frio — ele explicou, coçando novamente a ponta do nariz sob o olhar de julgamento de Tomás. — É rinite. Não julga minha roupa.

— Não julga meu sorvete — Tomás brincou, se encostando em Yue um pouco melhor enquanto andavam. Ele tirou a mão do bolso, passando-a ao redor de seus ombros em um gesto afetuoso. 

Àquele horário, em dias comuns, a Baixa Augusta ainda seria a calmaria do aquecimento para a noite, com a maior parte dos sons e vozes trazidos pelo vento de dentro do parque. Não naquele dia, no entanto. 

Animados para o Indiepira, a rua estava tomada pelos risos de grupos de jovens carregando garrafinhas de cerveja ou latas de energético. Era gostoso não só fazer parte daquela onda de pessoas se aproximando da Praça Roosevelt, mas fazer isso ao lado de Yue, com o braço dele tão confortavelmente apoiado ao redor de seus ombros, como tinha imaginado desde a primeira vez em que pousou os olhos sobre ele.

Encontraram lugar na lateral do palco baixo montado na parte mais larga do calçadão. Não havia show de artistas grandes agendados para aquele evento — apenas algumas pequenas bandas de garagem misturando música tradicional de festa junina com batida alternativa. Do outro lado da praça, uma fileira de barraquinhas vendia comida típica perto dos vendedores autônomos de pizza barata e dos bares recheados de pessoas. 

Yue se sentou em um banquinho de concreto, trazendo Tomás para que se acomodasse sobre suas coxas.

Livre do potinho de sorvete vazio, que tinha abandonado em uma lixeira na entrada da praça, Tomás tinha as duas mãos em Yue: uma em seus cabelos, perto da nuca, em um cafuné sutil; a outra, em seu rosto, traçando os contornos do rosto fino com o polegar. 

— Me b… — começou, interrompido pela presença de uma garota parada bem na frente deles, carregando uma cestinha de piquenique. 

— Oi, vocês querem comprar docinhos espaciais? 

Tomás sentiu o clima ruir como se atingido por um balde de água fria. Riu, deitando a testa no ombro de Yue enquanto ouvia a garota se desculpar por ter atrapalhado.

— Dois — Yue respondeu com um sorriso calmo, tirando dinheiro da carteira e trocando por um par de brigadeiros envoltos em granulado verde. — Você quer? Se não quiser, eu guardo.

— Quero — Tomás sussurrou, afastando o rosto do ombro de Yue para pegar um dos doces. A escolha de granulados o fez rir. — É muito forte?

— Não muito.

Yue pousou a mão na cintura de Tomás. Comeu o brigadeiro em uma mordida enquanto observava Tomás analisar o doce de perto antes de colocá-lo na boca, cobrindo-a com as costas da mão enquanto mastigava.

O gosto da maconha na língua era forte. Doce e amargo, como o do chocolate, mas com algo que o lembrou chá de camomila. A língua ficou levemente entorpecida. 

— Se eu ficar muito louco, você vai ter que cuidar de mim — falou baixinho, pousando um beijo no rosto de Yue.

— Se você ficar, eu vou também — Yue contrapôs, e riu em seguida, trazendo Tomás para perto para beijá-lo de leve no pescoço. — A gente vai pro Vi se for muito tenso.

— A gente vai, é? 

O sorriso de Tomás se encheu de um brilho tão travesso que fez Yue rir, apertando-o em um abraço morno. Tomás deixou o nariz afundar contra o ombro dele, mordendo-o de leve. Aquilo arrancou de Yue algo perto de um rosnado. 

— Não gosta de mordidas? — Tomás o encarou, segurando o riso. 

— Gosto — ele respondeu em um tom quase rabugento, e quando o abraçou novamente, mordiscou-lhe o pescoço — de dar. 

— Ah, você é desses? — a pergunta de Tomás veio pontuada por um gritinho. Yue tinha acabado de mordê-lo novamente. — Vou te colocar na focinheira!

— Guarda pro Vi — Yue brincou. — É mais a cara dele.

— É, não é? — Tomás segredou, inclinando-se para alcançar a mandíbula de Yue com um beijo. — E o que é a sua?

— Posso responder mais tarde? — Ele sorriu, passando a ponta do nariz pelo pescoço de Tomás, arriscando outra mordida da qual Tomás se esquivou a tempo, pouco antes de pender a cabeça para o lado, voltando a se aproximar, com os lábios na direção dos de Yue.

Roçou a lateral do nariz na dele, os lábios sentindo as cócegas sutis do quase contato com os de Yue.  

— Demora muito pra sentir alguma coisa? 

Porque o que mais poderia ser a vibração sob a pele, Tomás pensou. Fechou os olhos, derretendo-se em um sorriso animado. Yue o beijava no pescoço, sem pressa. A sensação era dessas que faz a gente querer prolongar a iminência de um beijo por bastante tempo. 

— Uma hora, por aí — Yue respondeu, afastando-se para arrumar alguns fios bagunçados no cabelo de Tomás. Será que ele e Vi tinham noção de como agiam de jeitos parecidos? — Quer comer alguma coisa? 

O sorriso de Tomás se abriu mais enquanto concordava. Achou que Yue sentia algo parecido: aquela vontade de alongar o momento para deixá-lo mais intenso. 

São Paulo combinava com festas juninas. Ou, pelo menos, gostava bastante delas. Não era raro que parte das quermesses começasse já em maio, estendendo-se até o final de julho. A cidade teimava em adiar a despedida, como se o inverno fosse ficar mais rígido longe das bebidas quentes, temperadas com especiarias, ou das cores vibrantes das bandeirinhas. 

Pensando bem, talvez as bandeirinhas estivessem vibrantes demais agora, enquanto Tomás as observava de rosto erguido, um riso frouxo escapando dos lábios que ele sequer sabia por que começou. 

— Yue… — sussurrou, buscando a mão dele até quase esbarrar no enorme copo de vinho quente que Yue carregava. O rapaz passou a bebida para a outra mão para segurar a de Tomás.

— Por que você tá sussurrando? 

— Não sei — Tomás respondeu, ainda baixinho, e voltou a rir. — Aquilo lá são borboletas?

— Onde?

Com o dedo, Tomás apontava um poste no canto da praça, quase desaparecido em meio às copas de árvores. As pequenas sombras que o rodeavam lá no alto se pareciam mesmo com borboletas de asas grandes e angulosas.

— Acho que são mariposas — Yue concedeu, apertando os olhos. Vi insistia que ele ficava meio míope quando estava chapado e talvez precisasse dar a ele algum crédito.

Sem perguntar, Tomás o segurou pela mão, puxando-o consigo até perto do poste enquanto ajustava os óculos no rosto,. 

Eram mariposas. As poucas que ainda voavam tinham filetes fibrosos nas asas que se estendiam como pequenas caudas mais longas do que o corpinho gordo. No chão, aos pés do poste, se espalhava um punhado delas, estáticas, caídas na calçada com as asas inertes. Uma delas, Tomás se atentou, ainda tremelicava as patas em uma tentativa quase entregue de voltar a se mover.

— Estão morrendo… — o rapaz murmurou, penalizado. Ia se ajoelhar, mas Yue o deteve a tempo. 

— Caco de vidro — ele explicou, apontando uma mancha verde no chão, feita de caquinhos esmigalhados. 

Com mais cuidado, Tomás se abaixou, tomando em uma das mãos a mariposa que ainda se mexia, a tempo de ver quando suas patinhas ficaram estáticas de vez. Mal o havia tocado e o bichinho tinha acabado de morrer. Sentiu no corpo um comichão suave, parecido com a sensação de jambu nos lábios, que se acumulava especialmente nas pontas dos dedos. 

Calmamente, aproximou a outra mão do corpo imóvel da mariposa, cobrindo-a. Uma memória acenou no cantinho de sua cabeça, vívida: uma versão sua em miniatura fazendo algo parecido no minúsculo jardim da casa em que tinha nascido. Cobria com as mãos as flores murchas, as folhas amareladas, os insetinhos mortos que porventura achava na grama. Era apenas isso: cobri-los com as mãos e, ao abri-las, descobrir que permaneciam mortos. Nunca entendeu que tipo de instinto o fazia repetir aquele gesto tantas vezes, mas foi o que moldou sua vontade de estudar medicina. 

— Eu sempre fiz isso — explicou para um Yue que o encarava com o olhar intrigado. — Desde pequeno. Me atrair por coisinhas quebradas só pra ver como seria se estivessem… 

A frase morreu na boca quando Yan sentiu o leve tremor das asas da mariposa contra a palma da mão. Ergueu as sobrancelhas, surpreso, afastando a mão que usava para cobrir o inseto, vendo como suas patinhas agitavam no ar, tentando virar o corpo, as asas batendo sem força. 

Aquilo, colocaria na conta do brisadeiro. Tinha quase certeza, quando a pegou, que a mariposa estava morta. Havia se enganado.  

Yue se adiantou. Tinha se ajoelhado perto de Tomás e, com um movimento delicado, pinçou as asas da mariposa entre os dedos, para virá-la. O animalzinho testou as asas, andando ainda cambaleante sobre a palma da mão de Tomás.

— Se gosta de coisas quebradas — comentou, seguindo com a ponta do dedo o contorno das asas do inseto — vou ser seu parque de diversões. 

A risada de Tomás explodiu na noite como fogos de artifício. A mariposa escapoliu num voo bambo, juntando-se às irmãs em busca da luz do poste. 

— Pra uma coisa quebrada, você é bonito demais — Tomás brincou. 

Os dedos ainda formigavam, vítimas de um vislumbre de poder que só poderia ser coisa de sua cabeça. De sua perspectiva, tudo parecia ampliado: as luzes chegando borradas através dos óculos; a música do festival; aquela promessa de mistério.

Tomou nas mãos outra das mariposas estáticas. E mais outra. Nunca tinha visto tantas daquelas juntas e não sabia que podiam se fingir de mortas. Ainda assim, era isso o que faziam. Uma a uma, elas voltavam lentamente a se mexer sob seu toque, tomadas por uma dose nova de energia que as fazia bater levemente as asinhas, tentando ganhar o céu. 

Uma delas tinha uma asa arrancada quase na raiz. O pedaço que lhe restava se agitava na tentativa de voar, mas tudo o que o bichinho conseguia era girar no chão, em um movimento desengonçado.

— Mariposas-de-sereno têm asas muito delicadas para consertar com tecnologia — disse com a voz sem emoção, o olhar vazio, encarando o inseto que sofria no chão. 

— O quê? — Yue perguntou, aéreo. Tomás respondeu com um aceno de cabeça. Não conseguia lembrar o que tinha acabado de dizer.

Aquela mariposa bem na sua frente não poderia voar novamente. Estava fadada ao fim no instante em que um pássaro ou gato de rua botasse sobre ela os olhinhos de predador. Tomás tinha duas opções: podia levá-la consigo, tentar dar a ela uma sobrevida de alguns dias, mesmo sem saber nada sobre mariposas; ou então…

Voltou a se levantar, pisando sobre o animal de uma vez, até que ele parasse de se mover, desta vez sem fingimento. Tão breve e estava acabado. O momento, a vida e o sofrimento.

— De acordo… — disse Yue enquanto se ajeitava de volta perto dele, passando os braços ao redor de Tomás pelas costas em um abraço frouxo. — Algumas coisas são muito preciosas para sofrer.

— Yue, se você pudesse escolher um superpoder, o que escolheria? 

Por cima do ombro, Tomás o espiava, curioso. No hospital, a equipe da enfermagem o chamava de garoto dos sonhos. Vi tinha acreditado que Yue era intocável a ponto de chamá-lo de irmãozinho. Tomás esperou por uma resposta à altura, algo feito na medida para alguém perfeito

— Sempre estar certo — Yue respondeu, erguendo os ombros como quem pede desculpas. 

Uma pequena rachadura. Com um suspiro, Tomás se virou. Deixou que Yue mordesse a palma de sua mão ao tocá-lo no rosto, e então o puxasse para até que seus corpos se tocassem. Agora a vibração sob a pele tinha bem pouco a ver com aquela fantasia de poder. Era culpa de Yue. 

— E você? — Yue questionou, mantendo uma mão sob o queixo de Tomás para que ele não desviasse o olhar. 

— Decidir

Uma resposta ampla demais, quase confusa. Mesmo assim, Yue se demorou em ruminá-la, então assentiu. Tomás tinha a sensação de que haviam exposto um para o outro um pedaço muito sensível deles mesmos. 

Quando Yue tocou a cintura de Tomás com a mão livre, teve a impressão de estar executando uma coreografia ensaiada, seguindo uma intuição tão antiga quanto potente. Tomás usou os coturnos dele como degraus para ficar mais alto, segurando-lhe o rosto entre as mãos. 

— Me b… — o rapaz tentou mais uma vez, e Yue o calou com o beijo que tinha em dívida há bastante tempo. 

O beijo de Victor fazia Yue se sentir impetuoso, quase selvagem — fazia pular em seu peito sentimentos confusos de amor e raiva; o de Lótus vinha recheado de conforto, daquele tipo de entendimento tácito que só pessoas muito parecidas poderiam compartilhar. O beijo de Tomás era um espaço para ser imperfeito, e Yue não tinha ideia do quanto precisava disso até beijá-lo. Do quanto precisava dele

O frio denso estava carregado com o cheiro de canela e milho, anis e cravo. O suspiro de Tomás pareceu ficar suspenso naquele espaço gelado, um som cristalizado na noite, como um floco de neve. Yue não se surpreenderia se abrisse os olhos agora e visse neve ao redor dos dois, porque pareceria certo. Assim como parecia certa a ideia de ter uma longa cauda escura, e envolver Tomás com ela, puxá-lo para mais perto, garantir que estivesse aquecido e seguro. 

A mão dele o apertou com mais firmeza na nuca, sob os cabelos, e Yue sorriu com a eletricidade beliscando seus dedos, deslizando pelo braço numa onda que o fez mergulhar um pouco mais naquele beijo. E então um pouco mais. 

Meu

A palavra vadiou pela ponta da sua língua e quase escapou. Ao redor dos dois, a música tinha se transformado: era um idioma que Yue desconhecia, ainda que lhe parecesse íntimo. Havia fogueiras e criaturas dançando; acima deles, o céu se tingia com as exóticas cores de um vórtex

Foi Tomás quem se afastou primeiro. Sob a luz difusa que os cercava, Yue teve a impressão de que os olhos dele pareciam ainda mais ambarinos. 

A impressão foi passando aos pouquinhos, jogando nitidez nos olhos de Yue. Estavam na Roosevelt, não em um cenário fantástico. O que restava era a descarga elétrica ainda dando voltas por seu corpo.

― Sentiu também ou eu tô muito chapado? ― Yue perguntou, apertando com o polegar o lábio inferior de Tomás. 

― Senti o quê? ― Tomás questionou, encarando-o com tranquilidade. 

Yue não saberia por onde começar a explicar, nem ia fazer papel de bobo no seu primeiro date com Tomás. Acenou com a cabeça, indicando que esquecessem aquilo, e Tomás riu. Ainda estava em cima de seus pés, e era tão levinho que não causava qualquer incômodo. Com os antebraços, envolveu o pescoço de Yue, mordiscando-lhe a orelha antes de completar: 

― Você me fez sentir bastante coisa agora, se era sobre isso

Com uma risada, Yue o apertou firme no quadril, puxando-o para cima, para o colo. Tomás deu um gritinho, então riu, se deixando erguer. As pernas prenderam-se, firmes, ao redor da cintura de Yue. 

— Quero te ver sorrindo assim mais vezes — Tomás pediu, fazendo um biquinho manhoso. 

— Quero te ver mais vezes — Yue emendou. 

— Meu Deus, seu brega! — Tomás se divertia, escondendo o rosto contra o ombro de Yue.

Tinha sentido mesmo bastante coisa. A textura de flocos de neve caindo lentamente, molhando o tecido grosso da túnica. A música estrangeira, o calor, a sensação de que tinha orelhinhas redondas cujas pontas quase pareciam congeladas. Não ia falar sobre isso, contudo. Já era o bastante estar se sentindo um imbecil depois da prova na faculdade. Colocaria aquela pira na conta da maconha, assim como a mariposa morta-e-ressuscitada, e não pensaria mais no assunto. 

― Pra te avisar, sou brega mesmo. 

Sobre as copas das árvores, o céu de São Paulo se tingia de uma única cor, como uma peça de tapeçaria simples ou um lençol acinzentado, sem qualquer brilho de estrelas. Normal, diriam os moradores da cidade. São Paulo não era mesmo conhecida pelo seu céu estrelado, apenas por algumas estrelas mais potentes, rasgando a névoa cinzenta como pontos de luz. 

Naquele momento, entretanto, até mesmo elas tinham desaparecido, junto com a lua, vestindo o céu com uma capa de nuvens escuras. 

— Se pá que vai chover — disse uma garota passando ali por perto, com as mãos escondidas dentro das mangas do moletom universitário. 

Com os olhos presos aos de Tomás, Yue não viu qualquer um desses detalhes. Nem a ausência de estrelas, nem as nuvens pesadas. Havia um brilho mais forte bem à sua frente, com cores que carregavam o peso de memórias há muito perdidas. 

Estava em casa de um jeito diferente. 

Continua…

No próximo capítulo… Em Farkas, Yan se apressa para chegar rápido ao Hall da Conflagração, acompanhado de Shu e Nix. O que acontecia por lá enquanto o curandeiro revivia animaizinhos no bosque? O fim, amigos, está cada vez mais próximo.

O Capítulo 22 — Anti-natural chega no dia 8 de março às 12h!

Até semana que vem!

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