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💫 Pontes Imortais ― Capítulo 46
Por que eu?
É chegada mais uma sexta-feira no Vórtex e pra nós, meros vortexianos que não puderam ir à Bienal do Livro do RJ, pelo menos é dia de Pontes Imortais!
No último capítulo… Memórias das Cidades Flutuantes despertam nos nossos queridinhos de São Paulo e, em meio a um turbilhão de sentimentos, Niva aparece como um holograma na chuva dizendo o que ninguém queria ouvir: que todos eles precisam voltar. Todos! Ouviu, Yan? Essa mensagem foi pra você… por algum motivo.
Música-tema do capítulo: Theory of Happiness, de F.T. Island (sigam a playlist oficial Pontes Imortais #2 no Spotify!)

Capítulo 46 — Por que eu?

São Paulo, 2023
Enquanto subia a Rua Augusta, Tomás sentia a mão de Vi tremer agarrada à sua. Era estranho, o caminho remetia a memórias que pareciam de outra vida, fragmentos de um passado incerto, irreal, lembranças falhas da noite em que ele e Vi se conheceram.
Não soubera por que tinha se afeiçoado tanto a ele de primeira. Agora entendia.
Achava que Vi tinha algo de familiar: um som, um cheiro, um toque. Não entendia antes, mas agora sim.
Ergueu o olhar até encontrar seu rosto, a pele marrom ainda molhada da chuva que lhe escorrera dos cabelos curtos até o rosto. Pensava que o tinha escolhido, mas a escolha fora de Yan, não de Tomás.
Yan o escolhera em uma outra vida, outro mundo. Yan escolhera tudo, pensava agora. Até mesmo a Medicina, que Tomás tinha orgulho de chamar de sua escolha. Era tudo de Yan.
E nem ao menos podia gritar, xingar aquela criatura por ter decidido todas as coisas que importavam na sua vida, porque o sentia dentro de si como se a qualquer momento fosse capaz de sentir também as batidas de um segundo coração dentro do peito. O sentia como um bolo de memórias, sentimentos que nunca pediu e que agora eram seus.
Por mais que quisesse só dizer que o sentia como um parasita, não seria verdade. Não havia segundo coração. Não havia um Yan encarando-o em uma sala vazia, como a representação clichê de duas consciências habitando um mesmo corpo. Só havia ele próprio e memórias com que precisaria aprender a lidar rápido para não enlouquecer. Ou fraquejar.
Ao seu lado, o caminhar de Victor era firme e decidido como uma marcha. Ele irrompia de cada esquina, sob a luz instável dos postes e vitrines iluminadas dos bares e lojas alternativas que voltavam a esperar clientes ao fim da tempestade; caminhava a passos ritmados, como se tivesse pressa, em silêncio.
Tomás não tentou puxar assunto. Como ele estaria lidando, não sabia. Partilhava com Oz um emaranhado de memórias que deviam ser indigestas para Vi. Deixou que ele caminhasse quieto, a mão enroscada na sua como uma promessa de companhia. Também não pretendia largá-lo, nem agora e nem nunca.
Pegaram o elevador com uma senhora elegante, de cabelo preso em coque quase tão prateado quanto a corrente que levava no pescoço, ostentando uma pequena cruz. Vi a ignorou, então Tomás fez o mesmo. Mirou o olhar no mostrador iluminado ao lado da porta. Os números subiam em velocidade, como se pudessem transportar os dois até as estrelas.
Tomás fechou os olhos e suspirou, acreditando que chegariam sem empecilhos. O estalo de língua da velha o fez retomar a atenção ao ambiente.
— Jovens… — ela sussurrou para si, com desaprovação.
Tinha olhos de julgamento voltados para ele. Tomás desejou que ela, assim como tantas outras pessoas, o tivessem olhado e não conseguido inferir um gênero. Aquela deveria ser a raiz da reclamação, mas não tinha forças ou vontade para nada além de ignorá-la.
— Você tem um problema? Fala de uma vez ou cala essa boca. — A voz de Vi era tão séria quanto uma ameaça, o suficiente para que Tomás apertasse a mão ao redor de seus dedos para mantê-lo ciente da sua presença.
Quando a velha desceu do elevador no andar seguinte, sem coragem de lhe direcionar nem mesmo mais um olhar, Tomás ficou aliviado. Tocou o dorso da mão de Vi em um afago de compreensão. O limite dele estava tão próximo que era quase visível.
— Não precisava disso — Tomás reprovou em voz baixa.
— Qual o ponto de ser legal? — Vi entoou, a voz assumindo um subtom áspero como casca de carvalho. — Não adianta ser gentil se todo mundo já tem as pedras todas na mão. As pessoas só veem o que elas querem. É bom ela ouvir. Pelo menos vai pensar merda de boca fechada.
Não soava como ele. Ou melhor: soava demais. Soava como uma parte da memória de Oz que Vi seria incapaz de mimetizar, a parte de Oz contra a qual Yan tinha perdido a guerra. Era mais uma coisa com a qual se preocupar agora.
Não podia deixar que ele desandasse novamente, que Oz se perdesse, escorrendo por entre seus dedos como fumaça densa. Mas… como? Como seria capaz de resolver tudo? De certo modo, Tomás se sentia sozinho, como Yan tinha estado no fim da vida. Ou até mais.
— Eu vou fazer um chá. Você tem? — perguntou conforme atravessavam o hall em direção à porta do apartamento.
— Porra nenhuma — Vi suspirou, exausto.
— Café, então. E a gente que lute. Amanhã vou comprar ervas. Ver o que consigo lembrar sobre elas, ou reaprender.
Nem ao menos eram as mesmas que Yan usava nas Cidades Flutuantes, mas tinham suas semelhanças. Precisava passar um tempo com elas, como se fosse um reencontro com velhas amigas; saber o que tinha outro nome e o que não existia, conhecer suas limitações. Daria tudo de si para ser a melhor versão de Yan e Tomás, porque qualquer coisa a menos do que isso não parecia suficiente.
Vi soltou a mão dele ao trancar a porta, deixando a chave no trinco antes de se afastar para andar até a sala, que naquela noite parecia mais vazia, tanto que chegava a ser sufocante. Seus passos estalaram na madeira do piso com um eco suave, os coturnos deixando um rastro de pegadas molhadas, que pouco importavam. Não havia muito que ainda importasse.
Pensou em pegar um cigarro e tateou os bolsos. Chegou a pescar de um deles o isqueiro e o maço de cigarros úmidos demais para acender. Apertou-os na mão, sentindo o crunch do plástico amassado contra a palma. Não conseguia se lembrar se tinha outro daqueles em algum lugar, mas devia ter. Sempre tinha.
“Você parece que vai morrer se não tiver cigarro reserva. Isso não é uma crítica”, ouviu em pensamentos a memória da voz de Yue explodindo contra os tímpanos, tão real, tão próxima.
Ele estava bem ali, naquela sala, quando dissera aquilo, os pés jogados por cima do braço da poltrona, balançando descalços no ar sobre um amontoado de tecido que era sua camisa. Era uma das visões mais lindas que tinha memória, e tinha sido há não mais do que três dias.
O Vitor em sua memória riu, os dentes tão à mostra quanto os de Oz quando rosnou para a presença de Li’a, quando quis matá-la por ser…
Um traidor.
Era tão indigesto.
O som que escapou pelos lábios de Vi era vulnerável como o de um animal ferido. Acuado, ele lançou o maço amassado contra a janela, então cobriu os olhos com as mãos, pressionando-os até sentir a pressão respondê-lo com uma dor fraca na altura da testa. E foi aí que seus joelhos perderam força e ele deslizou as costas pela parede até terminar no chão, o choro trazendo a respiração cortada. Um choro de tempestade, forte e brutal; um choro doloroso.
Da bancada que ligava a sala à cozinha, Tomás sentiu o peito apertar. Era a segunda vez que presenciava aquela cena. Era como assisti-lo perder Maali pela segunda vez.
— Ele não merece as suas lágrimas — disse baixo. E o tom, apesar de gentil, era frio como geada.
Engraçado. Yue tinha os mesmos olhos de geada de Maali, que eram muito mais cor do que temperatura. Nunca achou os olhos dele frios, nem por um instante. Isso tornava a traição ainda mais pestilenta.
— A gente não devia pelo menos tentar falar com ele? — Vi questionou, entre soluços, secando o rosto repetidas vezes com as mãos pesadas, deixando trilhas avermelhadas na pele. — Sei lá, tipo… dar uma chance de ele se explicar?
— Uma chance? — Tomás protestou, contornando a bancada para chegar perto. Via como ele ficava vulnerável. Era como Oz, o coração sempre exposto, um alvo tão fácil. — Como a que Li’a teve?
— Eu preciso. Eu não posso só virar as costas pra ele como se não fosse nada!
Ele era tudo, queria gritar. Foi tudo por longos anos da sua vida. Foi tudo até poucas horas atrás. A sensação ainda parecia com uma pancada, como uma tijolada bem na altura da nuca, desnorteante e eficaz.
— Ele tentou te matar na melhor chance que teve, pelo amor de deus! — Tomás tocou-o no ombro, apertando para manter Victor consigo. Precisava que ele tivesse dimensão daquilo. Acreditou nas boas intenções de Maali e acabou morto. Não ia cometer esse erro outra vez.
— E se ele for uma pessoa diferente agora? — Vi voltou a erguer a voz em frustração. — Yue. Yue, não Maali. Não Li’a. Não porra nenhuma disso! E se ele for só… Yue?
— Não tem como ele ser só Yue! — Tomás quase gritou, o coração batendo forte contra o peito, reverberando no pescoço com tamanha força que lhe dava náuseas. Respirou fundo. Perder o controle não era uma opção, nem mesmo um pouco dele. — Me escuta: eu sinto muito, mas não tem como ele ser só Yue! Você consegue ser só Vi? Jura pra mim? Eu sei que não. Acha que Lótus consegue ser só Lótus?
— Aquilo é uma cobra! — Vi bateu o punho contra o chão. O baque foi como uma queda, como algo pesado se chocando contra o piso. Era uma força que Victor Lobo não tinha.
Em choque, ele ergueu de volta a mão, encarando-a como se tivesse sido possuída e um fantasma pudesse saltar-lhe dos dedos a qualquer momento.
Tomás aproveitou a chance para envolvê-lo com os braços, se encolhendo contra o peito de Vi num aconchego afetuoso. Suas roupas ainda estavam molhadas, mas não se importava. O contraste delas com o calor dos braços de Victor eram uma boa lembrança de que estava vivo e aquilo era real.
— Você sempre vai esperar lealdade das pessoas. Eu conheço seu coração. E é por isso que eu não vou deixar você ir falar com o Yue. Não agora e não sozinho. Porque um de nós tem que ser o vilão sem coração e se eu precisar ser pra manter a gente seguro, então… — Tomás engoliu em seco e ergueu os ombros.
Não seria nem a primeira e nem a pior coisa que já fez com essa intenção.
Os braços de Victor o envolveram por longos minutos, quentes e acolhedores. No fundo, Tomás sabia que não poderia impedi-lo se ele quisesse ir atrás do Yue, então tudo o que podia era esperar que ele o ouvisse, que confiasse nele e entendesse que seria perigoso. Precisava acreditar que ele não correria por conta própria atrás de um risco assim.
Pelo bolo que sentia do misto de memórias no próprio peito, se pegava pensando em como Yue estaria digerindo aquilo. Ele não seria apenas Yue, mas quanto de Yue ainda era, sem a influência de Maali? Sem Li’a? Qualquer momento nos próximos dias ainda parecia cedo demais para saber.
E Lótus… Engolia em seco só de pensar nele. Uma loucura como aquela e tinha repetidos impulsos de ligar para ele. “Você acredita”, diria ao telefone. E Lótus diria que não, é claro, que aquele baseado tinha afetado sua cabeça e era isso o que ganhava por ter se metido com gente descolada demais. Se lembrava de Kuí matando uma trilha de animais no bosque como se fossem oferendas para seu dom, como pequenas distrações, porque sabia que seria gentil demais — ou pior, soberbo demais — para deixar que animais morressem de graça bem ao alcance de suas mãos talentosas. Tinha baixado a guarda com Kuí e não voltaria a cometer esse erro.
— Tira essa blusa. Você tá ensopado — sussurrou depois de um tempo, os dedos titubeando pelo tecido molhado da blusa de Vi. Ele ainda estava em silêncio, os olhos vermelhos, assim como a ponta do nariz, o choro extinguido por fiapos de resiliência.
— Você também. Devia tomar um banho quente enquanto eu cato algum delivery. — A voz de Vi era baixa e o banho soava como uma boa ideia. Já ia se levantar quando ele o segurou pelo pulso. — Você acha… que eu sou um bosta?
— Por quê?
Desistiu de ir. Conhecia aquele tom. Alcançou com a mão o cabelo curto de Victor, afagando-o em um cafuné enquanto o esperava falar.
— Sei lá — ele começou, dando de ombros. Então deixou que um riso amargo tomasse seus lábios. — Meio incapaz de ter uma relação decente com meus pais em qualquer vida, pelo jeito. Ou sei lá, tipo… não me apaixonar por um traidor. Se pá que o meu lance é só ser um otário e morrer sozinho.
— Você tem eu — Tomás respondeu, firme, mas dócil. E então respirou fundo, permitindo a Vi um momento para digerir suas palavras. — Eu vou estar aqui, sempre. Estou agora e vou estar quando a gente voltar… pra lá.
— A gente não vai voltar, vai? Depois que aquele maluquinho levar a gente?
— É um Imortal — Tomás sussurrou, esboçando um pequeno sorriso. “Maluquinho” não era exatamente um apelido de respeito, mas não desaprovava depois da abordagem de Niva. — E não, eu acho que a gente não volta.
Vi assentiu, em silêncio. Rodava o olhar ao redor como se tentasse absorver cada detalhe faltante da sala que nunca foi decorada. Tinha projetos, ideias pelas quais lutaria. Se tivesse Yue. Eram imparáveis os dois, fosse nos ringues de luta clandestina de Júpiter ou nos rolês da Augusta. Não podia deixar de pensar que achariam um jeito se estivessem do mesmo lado. Mas sem ele, lutar por aquilo era apenas vaidade. Decepcionar Tomás era apenas covardia.
— Tem várias coisas que eu preciso deixar no jeito, então — concluiu, vencido. E terminou em um suspiro de derrota.
— Depois. Depois você me fala sobre isso. Vem tomar um banho.
Tinham tempo — nem que fosse apenas aquela noite — antes de começar a pensar em deixar as coisas no jeito. Quais eram as coisas e o que era o jeito, Tomás não queria ouvir. Foram do choque ao enfrentamento, da frustração à anuência em pouco tempo. Entendimento era uma coisa, mas para Tomás ainda não era o momento de fazer planos.
Segurou a mão de Vi com a mesma firmeza com que ele segurara a sua no caminho rua acima, mas manteve um carinho delicado em seu dorso enquanto o levava consigo para o banheiro.
Tinha se habituado àquele espaço nas visitas que fez a Vi. Para além da limpeza, Vi tinha pouco apego ao apartamento. Era grande e frio, a falta de decoração o deixando intimidador como um saguão, impessoal. Vi o tinha dito em sua primeira visita que ganhou aquele apartamento do pai na justiça. Se tivessem tido tempo o suficiente, acha que podia ajudar a deixá-lo com mais cara de casa; ou, na pior das hipóteses, a vendê-lo e encontrar um espaço mais aconchegante, porque ele merecia. Victor merecia coisas aconchegantes, como abraços e banhos quentes.
— Eu não respondi sua pergunta direito agora há pouco. Claro que não te acho um bosta. É clichê, mas não estaria aqui se achasse — Deslizou as mãos pelos braços dele, o quadril apoiado contra o mármore da pia. — A não ser que você fosse rico. Aliás, o que pretende fazer com a moto? Não quer deixar de herança pra minha avó? — completou.
E ao que parecia, tinha sido uma boa escolha de palavras, porque o sorriso de Victor se curvou para cima assim que o ouviu e ele riu. Não um riso animado, nada muito além de uma risada fraca, mas era o bastante. Livrou-os das roupas aproveitando a singela melhora do humor, então puxou Vi junto consigo para dentro do box espaçoso do chuveiro.
A água caía do teto, com pressão suficiente para lavar ansiedades. Tomás fechou os olhos, deixando que a água quente batesse forte contra sua testa e descesse o corpo em cascata. Brincava, na época do vestibular de Medicina — quando seu cérebro já não queria mais informação —, que pensava melhor durante o banho. A ideia pipocou em sua mente bem naquela hora e Tomás deu um passo para trás, deixando a água do chuveiro cair direto no ralo.
— O que você acha que trouxe as memórias de volta? Niva disse que não fez nada, que só teve o trabalho de fazer a gente se encontrar. — Do outro lado da cascata de água, Vi acompanhava seu raciocínio com o olhar. — E também que contava comigo para reunir todas as peças.
— Talvez Niva ache que você é o melhor em persuadir todo mundo — comentou Vi, arriscando um palpite. — E pelo que eu entendi, foi a primeira vez que nós nos encontramos, tipo, os quatro juntos.
— Não seria eu. Não com Kuí na história. Não tem a menor chance do meu poder de persuasão ser melhor do que o de um diplomata. Ou do que o de Niva em pessoa. O que é mais persuasivo do que um Imortal lançando ameaças?
Tomás pegou nas mãos o tubo de xampu. Era o mesmo que usava em casa. Aquilo tinha sido uma gentileza de Victor “para que se sentisse em casa ali também”. Como aquele cara podia se achar um bosta?
— Além disso, não foi a primeira vez. A gente esteve bem perto os quatro naquele dia que você passou em casa. Yue tava lá e o Lótus tava lá em cima, com a vovó. — Franziu a testa, pensando naquela tarde. — E mesmo se dependesse de “olho no olho” ou alguma dessas coisas meio novel isekai, nós ficamos horas no Indiepira sem nada acontecer.
Tomás espalhou o xampu na palma da mão, pensativo, subindo-a para ensaboar os cabelos enquanto pensava nas infinitas possibilidades.
A chuva? Arriscado. Havia bem pouco de destino em esperar que quatro pessoas fossem banhadas pela mesma chuva no momento certo. Se aquele fosse o caso, Niva teria que ser um lunático para deixar o encontro ao acaso. Quando pensava, não importava qual fosse o ângulo que tentasse analisar a cena, a chuva lhe parecia muito mais uma ferramenta do que uma profecia.
Mas uma ferramenta para quê? Levá-los para baixo da marquise de um prédio aleatório nos arredores da Praça Roosevelt? Conseguia pensar em um milhão de outros lugares em São Paulo com mais cara de portal mágico. Não era o lugar, tampouco a data ou o clima. Era algo a mais. Algo que Niva esperava que ele descobrisse. Por que ele?
— Todas as peças… — murmurou Vi e Tomás ergueu o olhar subitamente em sua direção, embora sem os óculos não enxergasse mais do que um grande e forte borrão cercado de vapor.
Todas as peças. E Niva o tinha visto vezes o bastante em oferendas escondidas na floresta para saber que seria ele o primeiro a saber o que aquilo significava.
Tomás sentiu o coração acelerar em expectativa. Alcançou o pulso de Vi em um aperto súbito, a mão ainda cheia de espuma. E assentiu, se sentindo preencher pelo sorriso que se formava no rosto.
— Todas elas — garantiu, alheio à forma como Victor o olhava com a testa franzida.
Sabia exatamente o que Niva queria dizer.

Continua…
No próximo capítulo… O grupo está dividido. Para onde foram Yue e Lótus?
O Capítulo 47 — Nada deveria mudar a vida de alguém tão drasticamente chega em 20 de junho de 2025!

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